I
Cansado de trabalhar,
Durante toda a semana,
Para esculpir o Adão,
O bom DEUS foi descansar,
Pensando com que fulana,
O pobre homem de barro,
Poderia fornicar.
Usando a imaginação ,
Retirou-lhe uma costela ,
Modelou a cobra e a Bela !
II
Somente, então, percebeu,
Estava no dia Sete,
Daquele início bizarro,
Da Obra monumental,
Chamada de Criação.
E sem mais pestanejar,
Caiu em sono profundo,
Acordou às gargalhadas,
Estava completo o Mundo.
Todavia e, entretanto,
À distância , um acalanto ,
Pareceu-lhe um falsete;
Seria outra vez o Sete
Saído do seu recanto,
Num terrível vai e vem ?
III
Desistindo do Poder,
Deixou-se, pois, dominar,
Do Sete fez Chanceler,
Transformado em auxiliar !
IV
Encontro no Judaísmo,
As Sete hastes antigas,
Do castiçal Menorá .
E Sete Irmãos generosos,
Simbolizam os elementos,
Nas escrituras e vedas.
Nas artes do otimismo .
V
Sete foram as Maravilhas,
Sete as Colinas de Roma.
Sete as torres de Moscou,
Sete os deuses da Sorte,
Sete os sábios chineses
Revelados por Jesus.
Escondendo as Sete Quedas
VI
Sete pecados clamaram
Vinganças dos Sete céus!
Mais Sete pragas egípcias,
Por força das travessuras,
Feitas com Sete instrumentos,
Usados por Sete anões,
Esquecidos da promessa,
De penar mais Sete anos,
Nas lavouras de Labão,
Um português arretado,
À espera da serrana,
Jovem e formosa catita,
Nos colchões a favorita .
VII
Foi Caboclo Sete Voltas ,
Embalado na Cachaça ,
E Madona Sete Luas ,
Com os Sete Candeeiros ,
Abrigando as Sete Velas ,
Das Sete Linhas de Umbanda ,
Sete imensos Orixás ,
Comandantes do Universo
Das razões daquele estrago !
(traz o copo e mais um trago ...)
VIII
Não fossem as Sete Vidas,
Do Gato das Sete Léguas,
Teriam também sumido,
Os antigos Sete Mares .
IX
Pensando, sim, na ELISETE,
A Dama das Sete Letras,
Recordei das Sete portas
Que embelezam a Bahia,
Onde mulato brejeiro,
Muito além de brasileiro,
É sambista verdadeiro!
X
Sete definem Mentira,
Outras Sete, a Verdade,
Diz crioula Bola Sete:
Também são Sete jurados,
A condenar quem não sabe,
Que assim, Pintando o Sete,
Toda a gente se diverte
E percebe um novo Sete,
Que a todos adverte:
Fica, apenas , o reverso ,
Ritmando cada verso...
Catorze são Sete e Sete
Pega outro – Vinte e Um !
Sentenciou o Valete,
Cortejando a Mulher – Dama,
Na mesa do pano verde.
Mantendo, porém, a fama,
Tão própria dos cavalheiros,
Retirou-se com mestria,
Renovando a fidalguia
XII
Desprezou o murmurejo,
Do SETE do “ganha ou perde”.
E na calada da noite ,
No silêncio do seu quarto,
Preparou-se com requinte ,
XIII
Com Sete também escrevo,
Recolhido de emoção,
A tal palavra SAUDADE,
Recitada em Oração .
Pois nesta hora diviso,
Encantador Paraíso,
A Ilha dos meus amores,
Guarita dos namorados.
Por Sete vezes imploro,
Silencie o Comodoro,
Protege-os entrelaçados,
Entre beijos e afagos,
Trocando anéis, dando as mãos,
Sete noivas, Sete irmãos !!!
XIV
Agora vocês perguntam,
Querendo a revelação.
Qual delas casou primeiro,
Destronando a previsão.
Foi Teresa, foi Joana,
Helena, Tânia ou Maria
A Raquel ou mesmo a Lia ?
XV
Respondo bem ao meu gosto,
Sou Cupido - sou matreiro.
Após tudo, quanto exposto,
Não coloco mais entraves .
Ao procurar uma prova ,
Recolhida a SETE CHAVES ,
Do garotão imprudente ;
Confessou, desajeitado ,
É coisa de mau-olhado ,
F I M
Carlos Alberto Aulicino
(João da Praia)
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